Vai ser um ótimo dia, que vai virar uma ótima semana, que vai virar um ótimo ano, que vai virar uma ótima vida. – Alegria.
Ter um dia ruim é normal. – Alegria.
Tristeza. A mãe e o pai e o time, todos vieram por causa da Tristeza. – Alegria.
Você já assistiu ao filme Divertida MENTE? Se não, coloque na sua lista, por favor. Esse filme fala de algo que nos faz humanos: emoções. Com as emoções, a nossa capacidade de nos relacionarmos com nós mesmos e com os outros. Em sua etimologia, a palavra emoção vem do Latin, emovere, que significa mover para fora. Quando sentimos emoções e as expressamos, estamos criando, em nós mesmos, movimentos que acabam de várias formas sendo externados.
No século 21, a consciência das emoções e do papel da escola em como ajudar os alunos a lidar com elas ficou mais clara. O termo aprendizagem socioemocional é relativamente novo – data de 1994- quando especialistas das áreas de inteligência emocional, desenvolvimento infantil, ciência preventiva, prevenção de bullying e saúde pública se reuniram e sentiram a necessidade de criar uma abordagem unificada para as escolas. No entanto, os conceitos que permeiam a aprendizagem socioemocional estão na prática educacional há muito tempo. Ela visa uma abordagem mais centralizada no aluno, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para que ele possa atravessar os anos de sua vida escolar abraçando o protagonismo de sua própria vida. Sabe aquele dizer que fala sobre “escola da vida”? Pois bem, a escola é, em si, uma escola da vida. Nela temos a projeção de nossa sociedade com todas as suas características positivas e seus pontos de crescimento. A escola é um reflexo da nossa sociedade e, ao mesmo tempo, a projeção do que ela poderá ser, pois lida com o futuro. Um ciclo vital que pode ser muito benéfico se houver uma parceria estreita entre escola e família, em prol do todo.
Pensando nisso, a aprendizagem socioemocional aterrisa no ambiente escolar como um grande guarda-chuva sob o qual estão habilidades e competências primordiais ao desenvolvimento humano. Habilidades e competências como: perceber, reconhecer e entender suas próprias emoções saindo do eixo básico das quatro mais conhecidas: alegria, tristeza, medo e desprezo. Afinal, a mente mente e prega peças. Ela precisa trabalhar em equilíbrio com nossas emoções. Poder reconhecer algo que vai além dessas emoções porque, como Brené Brown colocou em seu livro mais recente – Atlas do Coração – temos cerca de 150 emoções diferentes. Como lidar com tudo isso e ainda conseguir fazer acontecer? Nunca será simples, mas podemos ter ferramentas para nos ajudar na caminhada que é a vida. Sempre e pra sempre, enquanto estivermos vivendo e aprendendo. Precisamos entender que cada pessoa tem sua jornada. Sei que, enquanto pais, queremos dar aos nossos filhos o que há de melhor e isso, em nossa ânsia por proteção, exclui momentos de tristeza, insegurança, medo. Queremos cercar nossos filhos de tudo o que há de melhor e mais positivo. No entanto, assim como Alegria descobriu, em Divertida Mente, as emoções e momentos mais difíceis também – e muito fortemente – fazem quem somos, e lidar com eles é muito importante para que possamos crescer saudáveis e atuantes. Atuantes em nossas próprias vidas e na sociedade. É como a borboleta que tentamos ajudar a sair do casulo e ela não resiste. Faz parte do desenvolvimento de uma borboleta forte e capaz de voar alto, vivenciar a experiência da dor e persistência ao tentar sair do casulo. Ela está vivenciando seu próprio desenvolvimento e as dificuldades, sentimentos contraditórios e negativos, fazem parte disso. No Richmond Solution, a aprendizagem socioemocional acontece principalmente através das histórias (storytelling) e das tirinhas de quadrinhos.
Saber reconhecer e regular suas emoções, bem como seus comportamentos, pensamentos; poder tomar decisões conscientes e responsáveis porque entende os próprios sentimentos e suas consequências; externar esses sentimentos de forma saudável, sendo capaz de ouvir os sentimentos e emoções do outro ativa e empaticamente; levar esse todo em consideração e trabalhar individual e coletivamente para o crescimento da sociedade são um resumo das habilidades envolvidas e trabalhadas através da aprendizagem socioemocional. Nós não precisamos ter aula de aprendizgem socioemocional. Ela está em todos os ambientes em que vivemos: na escola, em casa, na comunidade. Ela se faz presente em todas as disciplinas e relacionamentos: na forma como lidamos com a perda de uma competição, ou com os erros; quando alguém tem uma opinião diferente da nossa em um trabalho em grupo; quando respeitamos que alguém é mais sensível a um assunto, ou a um filme do que nós e chora, enquanto não o fazemos; quando nos frustramos ou conseguimos algo que almejamos muito… Todas essas situações podem ser vivenciadas em vários momentos de nossas vidas, na escola ou em casa. Não tem dia e nem hora para que elas aconteçam. No entanto, ajuda muito se tivermos uma preparação consciente e pudermos entender nossos sentimetos. Daí, a nossa reação a elas será mais que uma reação: será uma resposta. Resposta, nesse sentido, engloba entendimento mais que instinto. Uma racionalidade que só os humanos têm e que, diferente do que se pensava antes, não precisa ser dissociada das emoções, mas equilibrá-las e fazerem parte de quem somos. Sujeitos protagonistas de nossas vidas, de uma sociedade mais humana e igualitária. Homens humanos humanitários. De verdade.