“Viver é uma questão de rasgar-se e remendar-se.” Guimarães Rosa.
Aprender envolve entendimento, relacionamento entre ideias e experiências e poder fazer conexões entre as vivências do presente e as vivências anteriores, promovendo mudanças. Mudanças interpessoais que se tornarão fatores de mudanças na sociedade e, consequentemente, no planeta.
Aprendizagem é sinônimo de vida. Não se pode vivenciar aprendizagens significativas sem estabelecermos as conexões com nosso passado, nosso presente e com todas as pessoas que cruzam nossos caminhos, por pouco ou muito tempo.
É no caminho de aprendizagens significativas que precisamos dar as mãos ao desenvolvimento socioemocional. Habilidades socioemocionais nos permitem desenvolver capacidades para nos expressarmos em contextos diferentes, com pessoas diferentes. O desenvolvimento dessas habilidades engloba o processo onde as crianças adquirem e aplicam conhecimentos, atitudes e habilidades para entender e gerenciar suas emoções, determinar e alcançar objetivos positivos, entender e demonstrar empatia, estabelecer e manter relacionamentos positivos e tomar decisões com responsabilidade. A aprendizagem socioemocional é base de toda aprendizagem.
Se partirmos da ideia de que a aprendizagem significativa se dá na conexão com outras pessoas, podermos nos comunicar e expressar o que sentimos e como pensamos de forma mais assertiva, é primordial. Desenvolver as habilidades socioemocionais pode impulsionar a vida de qualquer pessoa.
Aprender línguas envolve uma série de emoções que podem ser positivas e negativas e que são muito importantes no processo de aquisição da língua. No passado, muito se falou sobre aspectos emocionalmente negativos de se aprender uma língua; medo, ansiedade. No entanto, muitas emoções positivas permeiam o aprendizado de uma segunda língua: superação, felicidade, orgulho, entusiasmo, esperança, gratidão e admiração são exemplos de algumas das emoções relatadas em pesquisas sobre o assunto.
A prontidão para a aprendizagem exige características que são reforçadas no aprendizado de uma segunda língua:
- Confiança
- Curiosidade
- Autocontrole
- Autoconhecimento
- Capacidade para comunicar
- Cooperatividade
- Habilidades para se relacionar
- Tomadas de decisão responsáveis
- Consciência social
Os pais podem nutrir habilidades socioemocionais em seus filhos. Eles são o maior exemplo que seus filhos podem ter. Vocês, pais, são os primeiros professores que seus filhos podem ter. Estabeleçam diálogos honestos com seus filhos, sejam sensíveis aos seus questionamentos e sentimentos. Escutem suas emoções. Façam perguntas sobre como ele reagiria diante de situações comuns como, por exemplo, o carro quebrar ou algo não funcionar como o planejado. Isso ajudará a desenvolver suas habilidades para resolver problemas. Encorajem seus filhos a tentar coisas novas e ver até onde conseguem fazer algo, dando oportunidades para que lidem com medo, sucesso e a frustração. Joguem com seus filhos, dando-lhes a chance de vivenciar perdas e vitórias, negociações e respeito à vez do outro.
A escola ajuda seus filhos a vivenciar tudo isso em sala de aula. Aprender uma segunda língua requer características que podem ser trabalhadas através de habilidades socioemocionais tais como: resiliência, perseverança, esforço por longo tempo, motivação, interesse, otimismo. Durante o processo de aquisição da língua, as habilidades socioemocionais sao semeadas e cultivadas através de atividades que estarão alimentando o desenvolvimento holístico da criança.
A parceria entre escola e família pode contribuir – e muito! – para o desenvolvimento integral do ser humano que, aprendendo significativamente, estará pronto para se deixar construir, rasgar, remendar… SER plenamente, em todas as suas possibilidades. Aceitando sua história, abraçando sua construção e conectando-se com outras histórias. Respeitando. Partilhando. Aprendendo, crescendo, fazendo a diferença em conexão. Junto. Como numa grande e bela colcha de retalhos.
Jones, S. M., &Bouffard, S. M. (2012). Social and Emotional Learning in Schools: From Programs to Strategies and commentaries. Social Policy Report, 26(4), 1–33. https://doi.org/10.1002/j.2379-3988.2012.tb00073.x