É muito lindo e uma sensação muito boa quando os nossos filhos começam a falar e entender outra língua, não é mesmo? Sentimos orgulho e uma certeza de que investimos em algo bom e certeiro para o bem-estar e futuro deles.
Aprender a falar uma língua exige o desenvolvimento de habilidades de comunicação que trabalham interconectadas na construção desse saber tão encantador. Falar, ouvir, ler e escrever são habilidades que fazem parte do mundo da aprendizagem de línguas e do ato de comunicar significativamente. O desenvolvimento da capacidade de falar em outra língua é uma das habilidades que mais exigem o que podemos chamar de sub-habilidades (micro-habilidades). Quando desenvolvemos a fala, as usamos instintivamente e de forma tão automática que não nos damos conta de quantos processos usamos no ato de falar. Essas habilidades são automatizadas em nossa capacidade comunicativa, sim. No entanto, elas são apreendidas na convivência com o outro em casa, na escola, em passeios, na nossa rotina diária.
Como pais, acreditamos que é muito importante ter consciência das sub-habilidades mais importantes no desenvolvimento da oralidade de nossos filhos. São elas:
- Fluência – os falantes falam com fluidez, sem ensaio quando focam no significado do que estão comunicando
- Precisão –a fluidez é importante, sim. Falar de forma clara e compreensível também é essencial para que a comunicação seja efetiva. Para isso, precisamos de palavras, pronúncia e estruturas. A precisão se dá no uso apropriado da língua para comunicar através do uso de palavras e estruturas corretas pronunciadas, também, de forma correta.
- Uso de funções – aprender uma língua não está ligado mais ao conteúdo em si, mas à função para a qual utilizamos a língua. Usamos o inglês para falar sobre nós mesmos, sobre nossa rotina, nosso passado, para comprar comida em um restaurante ou para pedir informações sobre como chegar a um determinado local. Esses são alguns exemplos do uso da língua de forma funcional. Uma função social e comunicativa bem clara.
- Adequação – Ter fluência em uma língua ou comunicar de forma correta não é um sinal de que sabemos o que falar e como de acordo com quem nos escuta. Por exemplo, não podemos falar com nosso chefe da mesma forma que falamos com membros de nossa família que convivem diariamente conosco. A adequação linguística é muito importante porque ela nos dá um indicativo da escolaridade de quem fala. Não é apropriado falar com a Rainha com gírias, é? Imaginem: Hey, Beth, what’s up?! (E aí, Beth? Que é que manda?!)
- Respostas e iniciativas – saber como responder e ter iniciativa para começar ou continuar uma conversa também são habilidades importantes que aprendemos.
- Habilidades de troca – Imaginem que chato conversar com alguém que não deixa você interagir? Pois é. Então, é importante aprender a revezar em uma conversa. Dessa forma, haverá mais troca e chance de aprendizagem.
Essas são algumas das sub-habilidades aprendidas enquanto desenvolvemos a oralidade. Isso acontece no aprendizado de qualquer língua. A diferença maior é que, no caso do inglês como segunda língua, aprendemos isso depois que já falamos o português e, na maioria das vezes, esse aprendizado se dá formalmente na escola. No entanto, podemos contribuir e dinamizar esse aprendizado em casa. Como?!
Existem atividades simples, que podemos optar por fazer em casa e que podem ajudar, se balanceadas e usadas adequadamente, na oralidade de nossos filhos: audiobooks, vídeos e canais de streaming, como Netflix, ouvir músicas, ou até o google maps com o áudio ativo em inglês. Podemos pedir que eles recontem uma história que eles conhecem através de figuras ou desenhos também. Estar envolvido com o que acontece na escola também ajuda muito. Pergunte se eles aprenderam algo novo, crie um espaço de palavras do dia. Podemos criar uma rotina de escolha de palavras do dia e escrevê-las em uma “Word Corner” (Canto da Palavra). A rotina ajuda na segurança e consequente independência do aprendente. São atividades simples que podem dar um reforço em casa, no desenvolvimento da oralidade de nossos filhos.
A aprendizagem compartilhada entre escola e família exige algo muito simples, porém desafiador: comprometimento com a consistência. Estar trabalhando em parceria com a escola que optamos para nossos filhos é uma escolha diária que precisa de persistência e trabalho em equipe. Conversar com os professores e pedir conselhos àqueles que são mais experientes em trabalhar o desenvolvimento de uma segunda língua são hábitos que potencializam os resultados que buscamos: jovens independentes e protagonistas de sua própria vida, capazes de construir um futuro mais sustentável para si e para o planeta.