Ler ou ler: eis a questão

Não sei se vocês já assistiram ao filme A Bela e a Fera. Um dos melhores filmes produzidos pela Disney – tanto desenho como live action. Bela, além de bela, tem um diferencial que a faz buscar coisas novas, que vão além dos muros de seu vilarejo. Vocês lembram o que é? Acertou quem respondeu que Bela gosta de ler. A leitura de livros abre portas para conhecimentos e perspectivas que tiram Bela do lugar comum e a colocam diante da possibilidade de ver além das aparências. 

Pois bem, a leitura tem esse poder mesmo. Abrir portas e olhos. Ela é fundamental para o aprendizado. Segundo Paulo Freire, o processo de leitura é ativo e crítico e vai além da simples decodificação de símbolos. Para ele, o processo de leitura vai além da compreensão de palavras no texto, mas perpassa pela leitura de mundo, de contexto, e convida o leitor a participar ativamente desse mundo. A partir desse abrir de olhos, o sujeito se torna mais confiante e atuante sobre a própria realidade e sobre o contexto social em que está inserido.

Para o aprendizado de línguas, além da perspectiva freiriana, a leitura traz uma exposição natural à língua aprendida. Ela expõe o aprendente a língua contextualizada e, dentro desse contexto, formas de absorver gramática e vocabulário mais naturalmente. 

1. Vocabulário: o encontro com palavras em contexto reafirma suas definições e ajuda o aprendente a ter mais confiança para usá-las quando comunicam na língua aprendida.

2. Fluência: a leitura constante e regular melhora a velocidade com que um aprendente lê e assimila o que lê.

3. Contextualização: quanto mais exposto a leituras diversas, mais rápido o leitor aprendente vai conseguir ler o mundo e inferir o significado de palavras novas através do contexto.

4. Conhecimento: sobre gêneros textuais diversos – a leitura regular traz a exposição a gêneros textuais diferentes que vai influenciar a escrita mais efetiva daquele aluno.

5. Reforço na estrutura de outras habilidades: a leitura constante reforça as estruturas textuais e gramaticais para o desenvolvimento de outras habilidades como oralidade e escrita.

6. Independência e autonomia: ler com frequência em outra língua dá ao aprendente mais embasamento de conteúdo para se arriscar na comunicação da língua, buscar mais autonomia e independência ao fazê-lo. 

7. Esquecimento natural: Sim!!! Ler faz você esquecer que está aprendendo uma língua! E é por essa razão que tudo isso escrito acima se faz de forma mais natural. 

Como podemos ajudar nossos filhos a ler mais?

Aprender a ler e sentir entusiasmo por leitura são coisas diferentes. Aprender a fazer qualquer coisa leva tempo e prática. Muitas vezes nos perguntamos como podemos fazer nossos filhos gostarem de ler? Sabemos a importância da leitura e queremos que eles entendam isso também. Bem, uma dica é bem simples: precisamos ser modelos. Deixarmo-nos ser vistos lendo. Pode parecer algo que não vai surtir efeito, mas essa é a base. Nossos filhos nos copiam. Somos modelo para eles. Então, para motivarmos a leitura, é preciso que sejamos leitores. Além disso, há ações mais simples que podem ser feitas em casa:

1. De autonomia para que as crianças escolham seus livros. Caso o livro desejado não seja apropriado, dê a seus filhos o poder da escolha entre duas ou três opções de sua escolha. Geralmente, as escolas ou sistemas de ensino têm uma lista de sugestões ou bibliotecas virtuais disponíveis. Use-as. A parceria com a escola é fundamental para auxiliar-nos nesse processo. 

2. Crie momentos de leitura em casa. Crie um ambiente aconchegante para a leitura. Os rituais de memórias afetivas são muito saudáveis e benéficos para todos. Ler junto, mesmo que cada um no seu livro, é muito legal. Um silêncio produtivo e acolhedor.

3. Conversem sobre as leituras que vocês fazem. Pode até ser num momento específico da semana, com uma pipoquinha. Que tal? Vocês podem conversar sobre o que aprenderam com a leitura, e como se sentiram.

4. Deixe sempre livros a mão. Não só o telefone, ou o tablet, mas livros físicos mesmo. 

5. Visitem bibliotecas. A da escola e as de sua cidade. São lugares mágicos! Levam a lugares incríveis! A Bela, de a Bela e a Fera, amava bibliotecas. 

6. Façam passeios a livrarias. Existem muitos espaços legais que estimulam a interação de folhear um livro antes de comprar. 

A leitura será sempre benéfica para o leitor. Ela irá desenvolver empatia com o desejo de saber e entender perspectivas diferentes e convidará o leitor a aprimorar suas habilidades cognitivas e o pensamento crítico. Ela dá um gás na coragem para que o aprendente desenvolva mais suas habilidades comunicativas e sociais na língua. O leitor assíduo tem um conhecimento amplo maior e pode conversar sobre muitos assuntos. A leitura frequente também desenvolve as habilidades para resolução de problemas através da capacidade de entender, analisar e avaliar o contexto. A leitura abre portas, sim, para o mundo de fora e para o mundo de dentro. Ela ajuda a nos conhecermos melhor, sabermos e acreditarmos que podemos ir mais além e que podemos estabelecer relações saudáveis com nós mesmos, com outras pessoas e com o mundo. Relações que podem trazer novas perspectivas e mudanças benéficas para todos. Que bom que estamos já nos encontrando aqui, vivendo esse nosso papo através da leitura. Espero que curtam. Essa conversa é construída na crença de uma educação que constrói e da base ao sujeito atuante na sociedade. Seja esse sujeito você, pai, mãe, ou seus tesouros amados.

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