Será que meu filho está aprendendo? Ansiedade.

“Meu coração tá batendo 

Como quem diz: não tem jeito 

Zabumba, bumba esquisito 

Batendo dentro do peito” 

Coração Bobo, Alceu Valença 

É mais ou menos assim que nos sentimos quando nossos pequenos vão para a escola pela primeira vez, ou quando eles começam a estudar assuntos ou programas que, muitas vezes, não tivemos condições de estudar em nossa infância, não é mesmo? Um coração que bate bobo de expectativa e esperança de estarmos oferecendo o melhor para nossos filhos. 

Esse mesmo coração pulsa quando assistimos à primeira apresentação na escola, ou quando conversamos com os professores nos encontros pedagógicos. Expectativa faz o coração “zabumbar” e, às vezes, a realidade da expectativa criada não é a mesma. Muitas vezes, na verdade. Isso é mais comum do que se imagina. Sabe por quê? Porque, quando se trata do humano, somos uma caixinha maravilhosa de surpresas. Não somos máquinas com um cronograma de produção pré-definido que deve ser seguido à risca. 

Há muitas coisas que influenciam a aprendizagem de qualquer ser humano: 

FATORES BIOLÓGICOS

Idade: O que aprendemos deve ser criado e apresentado de forma adequada à nossa idade. Devemos ser desafiados na medida certa. Se algo for fácil demais, nos desmotivamos; se for difícil demais, podemos passar a desacreditar em nossa capacidade. 

Sono: O tempo e a qualidade do nosso sono influenciam a aprendizagem. Em tempos de internet, vídeos e jogos eletrônicos, é importante cultivar uma boa higiene do sono. Fazer isso em família é mais legal ainda! Imagine que, ao invés de ficarmos cada um no seu celular, podemos ter um bom papo, sem aparelhos eletrônicos, antes de dormir. 

Saúde e nutrição: Um corpo saudável e bem nutrido é essencial para qualquer aprendizagem. 

FATORES PSICOLÓGICOS 

Motivação intrínseca e extrínseca: A intrínseca vem de dentro, do nosso desejo; a extrínseca pode surgir de uma simples aula com jogos que tragam alegria e motivação para aprender. 

Mentalidade de crescimento vs. mentalidade fixa: A mentalidade de crescimento vê nos erros oportunidades de aprendizagem; a fixa paralisa o aprendizado diante do erro. Ao aprender uma língua efetivamente, é importante arriscar sem medo, usar a língua para uma comunicação verdadeira, como quando aprendemos a nossa primeira língua. 

Emoções: A aprendizagem dos nossos filhos pode ser muito impactada — tanto pelas nossas emoções, enquanto adultos, quanto pelas emoções deles. Ansiedade, estresse, medo de errar, entre outras. Uma educação pautada nas habilidades socioemocionais e no seu desenvolvimento pode ajudar muito! 

Estilos de aprendizagem: Algumas pessoas são mais visuais, outras aprendem melhor ao ouvir, outras precisam associar o aprendizado ao movimento. Oferecer atividades variadas é um grande acerto! 

FATORES CONTEXTUAIS

A sala de aula é crucial para a aprendizagem do aluno. Um ambiente seguro, inclusivo e que encoraje o uso da língua sem receios de errar ou pressões por produtividade. Um espaço que respeite a unicidade de cada um e que veja a diversidade como ferramenta de aprendizagem, onde a interação gere mais e mais oportunidades significativas. 

Professores capacitados e empáticos, que queiram e trabalhem para vivenciar essa jornada de aprendizagem junto com os alunos e a família. 

• Acesso a recursos diversos: livros, vídeos, jogos — tanto na escola quanto em casa. 

FATORES SOCIOCULTURAIS 

O suporte da família faz toda a diferença na aprendizagem de qualquer criança! Criar uma atmosfera receptiva, onde a criança possa vivenciar e estruturar, em casa, o que aprende na escola, é essencial. 

Um trabalho de parceria entre escola e família, em prol do desenvolvimento do aprendente. Um trabalho que, a muitas mãos, prepara o solo para que a criança cresça e crie raízes que a façam capaz de ir longe, pautada em valores de caráter comuns e partilhados entre família e escola. 

• Uma aprendizagem que respeita o tempo de cada um. 

O tempo. 

“Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei 

Transformai as velhas formas do viver 

Ensinai-me, ó pai, o que eu ainda não sei 

Mãe senhora do perpétuo, socorrei…” 

Tempo Rei, Gilberto Gil 

Ele, sim, também é um grande determinante da aprendizagem. Entender que cada um de nós tem um tempo para internalizar, maturar e pôr em prática o que é aprendido também é essencial para que nossos filhos cresçam mais confiantes, aprendentes exploradores e com pensamento crítico — capazes de serem protagonistas de sua própria história e sujeitos de ação por um planeta melhor.  

Não existe “não aprender”. Existem caminhos diferentes para cada um, jeitos diferentes. 

Precisamos de experiências educativas — em casa e na escola — que proporcionem esses caminhos diversificados e cheios de oportunidades de crescimento para todos. 

Para isso, é importante confiar na PAR-CE-RIA entre escola e família. 

Daí, poderá haver aprendizagem para todos. 

Sempre há! 

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